quarta-feira, 6 de julho de 2011

Pacto de suicídio.


Ela não amava, ela não comia, ela não escrevia... Alguns diziam que era o certo a fazer. Afinal, ninguém sentiria falta de um peso no mundo. Mas nem isso ela sentia que era. Perdeu os pais em um acidente de carro. O irmão mais velho se matou, iniciando a maldição na família. Ela foi a primeira a encontrá-lo no banheiro, com uma faca na jugular, as 5horas da madrugada. A partir de então ela deixou sua mínima vida social de lado. Tinha um irmão de uns quase sete anos, o qual o bairro todo julgava estranho. Ele mexia com bruxarias e feitiços. Ela não ligava. A família toda nunca fora normal. Tinha um namorado. Ou tivera. Eles já não se viam há alguns dias. A última coisa que ela ouviu da boca dele foi que ela era complicada demais. "E como não seria?" Pensava ela, enquanto olhava a simetria dos carros andando lá em baixo. Ela achava graça dessas coisas. O mundo inteiro estava vivendo. E ela, ao olhar por cima de um prédio de 30 andares, observava o ritmo do carros em sua correria. Se seu irmão mais velho estivesse ali, eles estariam brincando de imaginar qualquer coisa supérflua para humanos normais. Ela não tinha intenção de se matar. Não era ela quem estava fazendo isso. Ela tinha que continuar com a maldição. "Um feitiço é como uma chave pode abrir e fechar uma maldição." Ela se lembrava das palavras do irmão mais novo. Mas já haviam morrido por isso, e ela teria glória quando tudo isso se acabasse. Sua família não seria mais julgada por bruxarias ou coisas assim. Eles dominariam a cidade. A imagem de seus pais de volta junto com seus irmãos no interior de suas pálpebras era o que a fez deixar o vento levar. Deixou então que a voz de seu irmão mais velho soprasse coisas em seu ouvido. Ela ainda tinha dúvida, mas se sentiu empurrada pelas palavras: Pule! Pule! Ela se jogou dali, com os braços abertos e os olhos fechados. Sentia o vento bater em teus cabelos e sorria. Sentia como se voasse. Mas isso não durou nem até que chegasse ao 15º andar. O coração batia rápido demais, e não aguentou. Ela já não sorria e nem tinha os braços abertos. Agora é só mais um corpo esperando que chegasse ao chão. Seu irmão mais novo estava esperando-a no primeiro andar. Assistiu a cena toda calado. Algo tomou pelo seu espírito, mudando à ideia de um feitiço. Ele teria que continuar com a maldição. A cena do cérebro e as costas da irmã espatifados no chão em vão, não lhe traziam um sentimento muito bom.




Pauta para 76ª Edição Visual do Bloínques.

4 comentários:

#Suzimara disse...

nooossa :X que forte !

Any disse...

aaaaah, sua foda! esse título ficou legal..
amei, amei, amei *-*

Karine Vilela disse...

mtmtmtmtm fooooooooda ! :O , tu adora matar os outros mesmo ;D hahaha
mt fooda mesmo !

A.Horta disse...

Fico incrédula do tanto que vc gosta de matar seus personagens. Mas sim, eu amei. ;D parabéns fuvete, como sempre..