quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Deve haver pra tudo isso alguma explicação.

Ela só vem aqui porque junto com outras pessoas é o único lugar onde ela consegue ficar sozinha. Doí menos ficar sozinha acompanhada.


Frase da série Tudo que é sólido pode derreter.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Natureza viva

Como você sabe, dirás feito um cego tateando, e dizer assim, supondo um conhecimento, faria quem sabe o coração do outro adoçar um pouco até prosseguires, mas sem planejar, embora planejes há tanto tempo, farás coisas como acender o abajur do canto depois apagar a luz mais forte, criando um clima assim mais íntimo, mais acolhedor, que não haja tensão alguma no ar, mesmo que previamente saibas do inevitável das palmas molhadas de tuas mãos, do excesso de cigarros e qualquer coisa como um leve tremor que, esperas, não transparecerá em tua voz. Mas dirás assim, por exemplo, como você sabe, sim como você sabe, a gente, as pessoas, infelizmente têm, temos, essa coisa, emoções, mas te deténs, infelizmente? o outro talvez perguntaria por que infelizmente? então dirás rápido, para não desviar-te demasiado do que estabeleceste, qualquer coisa como seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções. Meditarias: as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis-não-formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem, e sobretudo emoções. Que nem se mostra. Por tudo isso, infelizmente, repetirás, insistirás, completamente desesperado, e teu único apoio seria a mão estendida que, passo a passo, raciocinas com penosa lucidez, através de cada palavra estarás quem sabe afastando para sempre. Mas já não sou capaz de me calar, talvez dirás então, descontrolado, e um pouco mais dramático, porque meu silêncio já não é uma omissão, mas uma mentira. O outro te olhará com seus olhos vazios, não entendendo que teu ritmo acompanharia o desenrolar de uma paisagem interna, absolutamente não-verbalizável, desenhada traço a traço em cada minuto dos vários dias e tantas noites de todos aqueles meses anteriores, recuando até a data, maldita ou bendita, ainda não ousaste definir, em que pela primeira vez o círculo magnético da existência de um, por acaso banal ou pura magia, interceptou o círculo do outro.No silêncio que se faria, pensas, precisarás fazer alguma coisa, como colocar um disco ou ensaiar um gesto, mas talvez não faças nada, porque ele continuará te olhando com seus olhos vazios, no fundo dos quais procuras, mergulhador submarino, o indício mínimo de um tesouro escondido para que possas voltar à tona com um sorriso nos lábios e as mãos repletas de pedras preciosas. Mas nesse silêncio que certamente se fará, talvez acendas mais um cigarro, e com a seca boca cerrada, sem nenhum sorriso, evitarias o mergulho para não correres o risco de encontrar uma fera adormecida. Teu coração baterá fortemente, sem que ninguém escute, e por um momento talvez imaginas que poderias soltar os membros e simplesmente tocá-lo, como se assim conseguisses produzir uma espécie qualquer de encantamento que de repente iluminaria esta sala com aquela luz que tentas, em vão, descobrir também nele, enquanto dentro de ti ela se faz quase tangível de tão clara.Nítida luz que ele não vê, esse outro sentado a teu lado na sala levemente escurecida, onde os sons externos mal penetram, como se estivessem os dois presos dentro de uma bolha de ar, de tempo, de espaço, e novamente encherás o cálice com um pouco mais de vinho para que o líquido descendo por tua garganta trêmula vá de encontro a essa claridade que tentas, precário, transformar em palavras luminosas para ofender a ele. Que nada, diz, e nada dirás, e sem saber por quê pensas um extenso corredor escuro onde tateias, feito cego, as mãos estendidas para o vazio, pressentindo o nada, que tu mesmo prepararias agora, suicida meticuloso, através de silêncios mal tecidos e palavras inábeis, pobre coisa sedenta, te feres, exigindo o poço alheio para matar tua sede indivisível.Anjos e demônios esvoaçariam coloridos pela sala, mas o caçador de borboletas permanece parado, olhando para a frente, um cigarro aceso na mão direita, um cálice cheio de vinho na mão esquerda. A presença do outro latejaria a teu lado, quase sangrando, como se o tivesses apunhalado com tua emoção não dita. Tuas mãos apoiadas em bengalas mentirosas não conseguiriam desvencilhar o gesto para romper essa espessa e invisível camada que te separa dele. Por um momento desejarás então acender a luz, dar uma gargalhada ridícula, acabar de vez com tudo isso, fácil fingir que tudo estaria bem, que nunca houve emoções, que não desejas tocá-lo nem conhecê-lo, que o aceitas assim latejando amigo velo remoto, completamente independente de tua vontade, te todos esses teus informulados sentimentos. No momento seguinte, tão imediato que nascerá, gêmeo tardio, quase ao mesmo tempo que o anterior, desejerás depositar o cálice, apagar o cigarro e estender duas mãos limpas em direção a esse rosto que sequer te olha, absorvido na contemplação de sua própria paisagem interna.Mas indiferente à distância dele, quase violento, de repente queres violar com tua boca ardida de álcool e fumo essa outra boca a teu lado. Desejarás desvendar palmo a palmo esse corpo que tá tento tempo supões, até que as palma famintas de tuas mãos tenham percorrido todos os caminhos, até que tua língua tenha rompido todas as barreiras do medo e do nojo, tua boca voraz tenha bebido todos os líquidos, tuas narinas sugado todos os cheiros e, alquímico, os tenha transmutado num só, o teu e o dele, juntos - luz apagada, peças brancas de roupa cintilando, jogadas ao chão. Desejá-lo assim, a esse outro tão íntimo que às vezes julgas desnecessário dizer alguma coisa, porque enganado supões que tu e ele, vezenquando, sejam um só, te encherá o corpo de uma força nova, como se uma poderosa energia brotasse de algum centro longínquo, há muito adormecido, quem sabe dessa luz oculta, é então que sentes claramente que ele não é tu e que tu não serás ele, essa coisa, o outro, que mágico ou demoníaco, deliberado ou casual, te inflama assim, alucinando tua alma. Queres pedir a ele que, simplesmente sendo, te mantenha nesse atormentado estado brilhante para que possas iluminá-lo também com teu toque, com tua língua terna, com a vara de condão de teu desejo. Mas ele nada sabe, nem saberá se permaneceres assim, temeroso de que uma palavra ou gesto desastrados seriam capazes de rasgar em pedaços essa trama onde te enleias cada vez mais sem remédio, emaranhado em ti, em tua viva emoção, emaranhado no desconhecido de dentro dele, o outro - que no lado oposto do sofá cruza as mãos sobre os joelhos, quase inocente, esperando atento, educado, que de alguma forma termines o que começaste. Muito mais que com amor ou qualquer outra forma tortuosa de paixão, será surpreso que o olharás agora, porque ele nada sabe de tu próprio poder sobre ti, e neste exato momento poderias escolher entre torná-lo ciente de que dependes dele para que te ilumines ou escureças assim, intensamente, ou quem sabe orgulhoso negar-lhe o conhecimento desse estranho poder, para que não te estraçalhe impiedoso entre as unhas agora calmamente postas em sossego, cruzadas nas pontas dos dedos sobre os joelhos. Ah: fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro o cheiro preciso dele.Que não suspeitará de tua perdição, mergulhado como agora, a teu lado, na contemplação dessa paisagem interna onde não sabes sequer que lugar ocupas, e nem mesmo estás. Na frente do espelho, nessas manhãs maldormidas, acompanharás com a ponta dos dedos o nascimento de novos fios brancos nas tuas têmporas, o percurso áspero e cada vez mais fundo dos negros vales lavrados sob teus olhos profundamente desencantados. Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro. Sabes também que já não poderias voltar atrás, que estás inteiramente subjugado e as tuas palavras, sejam quais forem, não serão jamais sábias o suficiente para determinar que essa porta a ser aberta agora, logo após teres dito tudo, te conduza ao céu ou ao inferno. Mas sabes principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que tudo passará um dia, quem sabe tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa.Só não saberás nunca que neste exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva.Como um trapezista que só repara na ausência da rede após o salto lançado, acendes o abajur do canto da sala depois de apagar a luz mais forte. E começas a falar.





- Caio Fernando Abreu , Morangos Mofados , Os morangos , página 110.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Duas translações completas.

É, hoje o Blog completa dois anos. De convivência, de mudanças, de aprendizado, de choros, de alegrias, de amores... Apesar de tudo que ocorreu e de tantas vezes pensar em abandonar aqui, eu não consegui ficar longe do meu cantinho. É estranho e ao mesmo tempo legal ir lendo e vendo as mudanças que se fizeram necessárias com o tempo. Há um ano atrás eu estava conhecendo apenas mais um sentimento bobo e pensando em desistir. Mas o tempo passa rasteiro e já era dezembro. Fiz minha cartinha de natal e o papai noel pareceu entender meu pedido e eu dei uma chance. Quis vários tempos para mim. Já era janeiro e eu acabei por deixar o verão pra depois. Entre luto's e lutas eu sobrevivi, ou melhor dizendo, vivi.

Quero agradecer a todo mundo que vem por aqui, a quem comenta, a quem segue... porque são vocês que dão força pra isso estar de pé. Foi, e continuará sendo maravilhoso poder dividir pensamentos, ideias vagas, sentimentos e qualquer outra bobagem alheia.
A verdade é que eu não sei muito o que falar, só que foi muito bom poder estar aqui esse tempo todo. Um abraço forte da garotinha que anota, e deixem seus presentes na caixa marrom aqui em baixo.

sábado, 26 de novembro de 2011

Ame.

É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chopp é gelado. É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário, quando se vê de vez em quando. Difícil é amar quando o outro desaba. Quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado. Nessas horas é que se vê o verdadeiro amor, aquele que é companheiro, que quer o bem acima de qualquer coisa. E é esse o amor que dura pra sempre. Na verdade esse é o único que pode ser chamado AMOR!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Onipresente feito o ar.

A verdade é que você não sai mais do meu pensamento. Quando eu fico sem pensar em você, parece que eu esqueci algo em casa. O teu sorriso tá guardado no meu bolso, o toque leve das tuas mãos, no meu violão. E tudo que a gente já passou junto, na minha mente. Parece até que a culpa nem é minha de pensar tanto assim em você. Você está em todos os lugares por onde passo ou eu quem tenho ido aos lugares certos?!

Sei que não era pra ser, mas ela sempre vai me lembrar você.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Believe, in YOU.

Acredite na força dos seus sonhos, Deus é justo, e bom, não permitiria nascer em seu coração, um sonho impossível de ser realizado. E você... Ah garota, se você realmente quer alguma coisa, a única que pode te impedir de alcança-la é você.  

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pra onde foi vocês?

A tristeza às vezes é tão forte que é mais fácil fingir que não houve morte.

#Desculpa gente, não sei sobre o que escrever.

domingo, 20 de novembro de 2011

É que quando a saudade não cabe no peito, ela escorre nos olhos.

A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim.Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho... Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.

#Lucas Albino, Peter Araújo e Rodrigo Ferreira, vão em paz. Façam o céu se alegrar com essas novas carinhas por aí, porque sabem... a única coisa que eu pensei ao ver vocês deitados em um caixão, foi que essa era a primeira vez que eu via vocês tão quietos e que essa era a única forma de ver vocês assim. Muita força pra família e pros amigos. A gente continua aqui, sentindo a falta de vocês durante a aula, pensando em como serão as próximas viagens, em como a sala estará tão vazia sem as brincadeiras chatas ou piadas fora de hora. Foco, força e fé.
"Eu só queria que você vivesse mais. Mas a vida te levou e me deixou aqui. O que você me ensinou é o que me faz feliz. Que Deus te dê um bom lugar e guarde um pra mim, quando for a minha vez, te encontro por ai."

Existe.

Acho melhor acreditar que o cupido existe. É menos idiota do que saber que eu mesma escolhi as pessoas que gostei.

- Soulstripper.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Rir contigo é minha terapia.




Sorria. Só ria. Ria junto. Ria só, quando não tiver uma boa companhia. Ria, que o Sol ri com você. Sorria sempre.

sábado, 12 de novembro de 2011

Quer?




Ei, que eu saiba a única coisa que cai do céu é chuva, então corra atrás.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Você não é nada.

Pouca cerveja, ainda é cerveja. Pouca saudade, ainda é saudade. Pouca sinceridade, não é nada.



- Bruno Fontes

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Segura minha mão?

Ela - O que é amor?
Ele - Vou te mostrar, segura a minha mão.
Ela segurou e eles deram alguns passos de mãos dadas.
Ele - Consegue segurar a minha mão?
Ela - Assim é fácil!
Ele começou a dar novos passos, cada vez mais rápido, até que começaram a correr.
Ela - Calma, assim é mais difícil acompanhar.
Ele - Amor é assim, às vezes é fácil, às vezes é difícil, mas quando você ama, você segura e não solta.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Distúrbios bipolares.

Acho que era pra tá doendo muito mais. É, com certeza meu coração não sabia o que fazer na hora que eu li aquilo. Primeiro, quando vi seu nome, ele disparou. Depois que eu li tudo aquilo, ele se acalmou demais e não queria nem bater mais. E quando eu acabei e digeri todas aquelas palavras que pareceram ditas com tanta calma, ele batia disrítmico. Mas agora, não doí e nem vontade de chorar eu tenho. Eu já chorei mais por você. Quando você foi embora pela primeira vez, eu desabei em lágrimas escondida no quarto. Mas agora... eu até sorrio. Sempre quis que fosse assim, que depois de uma tremenda queda, eu levantasse e sorrisse. Mas é tão ruim essa sensação vaga de que eu poderia estar, sei lá... pior?! Acho que sou um pouco masoquista. O incrível é que você expõe as palavras tão bem que eu começo a me culpar, como se eu não devesse ter dito nada. E eu volto atrás e peço desculpas. E eu me lembro de tudo, e começo a sorrir.

domingo, 6 de novembro de 2011

Mudanças.

Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra.Nem pena do mundo eu consigo mais sentir. Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa!


T.B.

sábado, 5 de novembro de 2011

Uma canção sobre o amor, ah o amor...

Eu te vi hoje de novo. É, dessa vez eu pensei que não sentiria nada. Mas quando eu o vi sorrindo enquanto tocava no meu violão... ah, e tocando a nossa música ainda. Então eu pensei em falar com você. Mas ai eu lembrei que falta uma coisa: a coragem. Tudo que você faz eu tomo como uma indireta. Você me apresentou outra música hoje. E explicou a história inteira, como você sempre faz. Eu achei ela linda, como sempre acho. E cheguei em casa rápido só pra poder ouvi-la. E quando eu ouvi, a primeira coisa que pensei foi que ela fica muito mais bonita na tua voz. Com a tua voz, com o teu sorriso de fundo enquanto falava que ficaram "cada um feito um picolé". Aaah, assume que você quer mexer comigo, só pra eu não achar que tô ficando louca vai. Eu já disse que você tocou nossa música? Tocou, olhando pra mim e sorrindo. Maldito sorriso esse o seu viu?! Isso chega a me deixar louca. Mas eu garanto, que dá próxima vez que você sorrir assim, e simplesmente sair... quem sabe eu me atiro pela janela do oitavo andar ou como uma torta de amora no jantar?

Música dessa vez.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Atuando.

Disfarçado finjo ser outro.
Em um palco vazio, me escondo em frente à plateia. Hipócrita. Cruel.
Em cartaz, uma vida qualquer. Medíocre artimanha, do jeito que quiser mostrar.
As cortinas sobem, cansadas. De novo, o velho espetáculo.
E lá o público. Eufórica turba.
Regozijo diante da imitação falsa de suas próprias verdades.
Enceno o fim e enfim começo.



#Arranquei do Girassóis no escuro. Pra quem já assistiu "As melhores coisas do mundo" é o Blog do Pedro. A foto, sou eu.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Acordar de madrugada sem saber o que fazer.

Assistia a cena calado, afinal, eu não poderia fazer nada mesmo. Minhas mãos estavam acorrentadas no braço da cadeira e minha boca tampada com uma faixa. Não havia mais ninguém naquela sala e a tensão do video era suficiente. Uma garota loira, não muito alta, mas pelo que via, bastante forte e rude. Um garoto moreno, cabelos cacheados, alto. Ele era meu melhor amigo. Ela?! Minha ex namorada. A imagem não era muito boa, por isso não se notava o rosto dos protagonistas, mas eu os reconhecia. Estavam em algum lugar meio abandonado, a câmera escondida, e talvez por isso o som também era difícil de entender. Mas os movimentos deles me agonizavam. Tudo começou bem sedutor, e pensei que aquilo seria alguma brincadeira para me fazer ficar com raiva do Rodrigo. Logo nos 10 primeiros segundos, ela tira uma arma da bota. Aponta pra cabeça dele, e grita coisas como: "Eu te disse pra me ajudar, e você teria o quer. Seu inútil." Eu me remexia inquieto na cadeira. Gritava me sufocando cada vez mais com aquele lenço preto. Já fazia quase um ano que meu namoro com ela tinha acabado. O motivo parece estar claro né. Mirela sempre foi muito controladora, e eu suspeitava de suas traições. Mas Rodrigo, ele nunca pareceu estar envolvido nas tramas dela. Foi meu ouvinte esse tempo todo, me escutava falar até a falta que eu sentia dela. Meu cérebro relacionava as coisas aos poucos. Rodrigo era quem esteve do meu lado desde que eu e Mirela terminamos. Seus conselhos normalmente diziam para que eu voltasse pra ela apesar de tudo. Seria tudo uma trama? Ele chorava por piedade no video. Ela dizia ter me visto com outra, e ele dizia que tentou me impedir. O casal perfeito, querendo arruinar minha vida.
- Eu te disse que se ele não voltasse pra mim, queria ele morto.
- Acha que eu seria capaz de matar meu melhor amigo? Nem pelo prazer de estar com você. Só fiz isso tudo pelo sexo.
Então era isso? Os dois estiveram juntos esse tempo todo tentando fazer com que eu voltasse para Mirela. Rodrigo sabia que eu a amava, mas nunca voltaria pra ela. Ele me queria morto. Neste instante já havia desistido de lutar contra a cadeira, e deixava lágrimas caírem pelo meu rosto. De raiva ou dor talvez.
- Me de uma segunda chance.
- Nem com cem chances você conseguiria.
Ouviu-se o gatilho da arma sendo puxado. O silêncio agora era forte. A respiração dele era notável. Ela dá alguns pra trás, e atira. De olhos fechados e tremendo. Joga a arma no chão e sai correndo. Rodrigo caiu no chão no mesmo instante, o sangue da cabeça manchava todo o chão. Não sabia o que sentir. Minhas mãos foram soltas da cadeira e eu nem havia percebido. Uma voz sai de algum lugar da sala:
- Esse era seu melhor amigo? Ela já foi sua namorada? Você precisa mudar suas companhias, Pedro. Na mesa do seu lado tem a arma que Mirela usou para matar Rodrigo. Você é digno de usá-la para matá-la?
O sentimento de vingança tomava conta de mim. E de repente eu sorria. Um sorriso maligno formou em meu rosto. Então era isso? Rodrigo passou um ano me ouvindo, para ajudar Mirela a me ter de volta, quando tudo que ele queria, era o prazer de estar com ela. Sabendo que ela não me teria, ele me mataria pois foi o acordo deles. Não sendo capaz de encostar as mãos repugnantes dele em mim, ele morre. Apesar de assustadora, essa informação era a única que fazia sentido. Até porque, pra quem acorda em uma sala desconhecida, amarrado a uma cadeira de ferro, com videos e vozes estranhas, nada parece ter sentido. A única coisa que parecia fazer sentido, era o meu desejo de matar Mirela.



Pauta para 90ª Edição Conto/História do Bloínques.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Muda o rumo do teu caminho e vem comigo.

- Oi, tudo bem?
- Bem, e você?
- Indo.
- Até hoje? Aonde você quer chegar?
- Quando eu chegar lá eu vejo.
- Viajante sem rumo.
- Viajante eterno. Em busca de um tesouro que ele nem sabe se existe.
- E se existir?
- Se existir ele talvez o encontre.
- E se não existir?
- Ele vai morrer tentando.
- Mas como ele vai saber quando achar?
- Ele não vai saber.... só vai sentir.
- Ah, isso de sentimento não dá muito certo comigo. Boa sorte pra ele. Vai ter muita gente dizendo pra ele parar, que já encontrou o tesouro dele.
- Não, ninguém o vê. Ele caminha sozinho.
- Então o tesouro dele deve ser alguém
- Talvez, ninguém sabe. Pode ser qualquer coisa.
- Se de sorte ele não precisa... discernimento. (:
- Acho que a sorte já ajuda.